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terça-feira, maio 16, 2006

Capítulo 8

Conclusão.

Por tudo o que eu disse, vocês podem compreender no que não consiste a estabilidade, vigor e crescimento na graça.

1. Não consiste em especulações ou conhecimento de verdades menos importan­tes.
2. Não consiste no mero fervor das emoções; pois estas podem ser mal orientadas, vindo a provocar o mal e revelarem-se paixões meramente naturais, descontroladas ou pecaminosas.
3. Não consiste meramente em temores e propósitos determinados pelo medo e contra a vontade de vocês.
4. Nem tampouco consiste nos dons naturais.
5. Nem ainda consiste em atos singulares não fundamentados e ativismo inusitado.
Em poucas palavras, consiste em santo amor, aceso por uma fé verdadeira (efetiva). Quando uma alma firmemente crente é cheia de amor por Deus, por Cristo e por santidade, este é seu melhor estado de confirmação.

4o Conselho
Progrida de modo descendente em humilhação; seja insignificante e pequeno aos seus próprios olhos; não pretenda ser importante e grande aos olhos dos outros; tenha sempre uma profunda apreensão da enormidade e perigo do pecado do orgulho; especialmente, do assim chamado orgulho espiritual.
A árvore que tem as raízes mais fracas e menos profundas são as que balançam mais e que caem primeiro. Quanto mais profundas forem as raízes, maior será o crescimento. O edifício que não tiver um alicerce profundo, logo será abalado e derrubado. Cristo é o nos­so alicerce; e é a humilhação que cava profundamente e o estabelece em nosso coração. O orgulho sempre foi tido como o primeiro ou principal pecado do diabo. Eu estou certo de que foi o orgulho foi a causa da sua condenação. O orgulho de nossos primeiros pais, pre­tendendo ser com deuses quanto ao conhecimento, foi a porta de entrada de todo o nosso pecado e miséria; e o tentador continua a insistir no mesmo caminho pelo qual foi tão bem sucedido. É o orgulho que, como uma tempestade, lançou o mundo no furor, contenda e confusão em que se encontra. Foi o orgulho que encheu a igreja com divisões; e é o orgu­lho que causa a apostasia da maioria dos que se apartam da fé. Quanto mais o homem tem dele, menos consegue discerni-lo e menos o odeia e lamenta. Embora pudéssemos pensar que recém-convertidos e crentes fracos, os quais têm pouco do que se orgulhar, estivessem fora do perigo dessa tentação, a experiência nos mostra que são eles que caem nela, mais do que crentes mais sábios e fortes, os quais teriam mais em que se gloriar. Pois quanto mais o homem cresce em sabedoria, mais reconhece sua indignidade, inutilidade, igno­rância e pecados os mais variados. Quanto mais eles conhecem da santidade e do zelo de Deus, mais conhecem da pecaminosidade do pecado e da abundância do conhecimento da graça ainda por conhecer; de modo que, quanto maior for a santa sabedoria e experiência, menor será o orgulho. Há algumas coisas que tornam o recém convertido em maior perigo de orgulho espiritual do que outros.
1. Porque eles vieram mais recentemente das trevas, e a tão grande transformação efe­tuada em seus almas, faze-os mais sensíveis dessa transformação; e, conseqüentemente, mais prontos a terem pensamentos mais elevados de si mesmos. Embora se pudesse pensar que a recordação da sua loucura anterior mantivesse-os humildes, muitos a esquecem rapi­damente; e evangelho que deveria ser recebido como conforto para eles, é transformado em motivo para orgulho.
2. A ignorância desses recém convertidos ou crentes fracos é tal, que eles pouco sabem da abundância de coisas que ainda ignoram. Eles pensam que há apenas um pouco mais a ser alcançado, e consideram-se mestres na escola de cristo por terem aprendido as primei­ras lições.
3. Devido a essa ignorância, eles não conseguem avaliar a compreensão mais elevada de outros, e consideram os mais sábios, apenas ou pouquinho mais sábios que eles, visto que desconhecem a sabedoria deles, e a desconsideram, como se fosse insignificante.
4. Além disso, eles não conhecem seus próprios corações, para vigiá-los, como os crentes maduros.
A alma humilde, entretanto, reconhece nada ser e anela conhecer mais. Ela tem fome e sede de justiça, e portanto será satisfeita. Ninguém valoriza tanto a Cristo, a graça e os meios de graça quanto ela. Até as migalhas, que os orgulhosos rejeitam, são bem recebidas por elas. “A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce.” Por isso, Deus se agrada de tais mendigos. Ele não despreza as almas quebrantadas e con­tritas. A Igreja de Laodicéia, que disse: “Estou rica e abastada, e não preciso de cousa al­guma” não tinha nada, era miserável, pobre, cega e nua. Assim com aqueles que se orgu­lham de sua abastança e posição social, acabam sem nada, vivendo acima do que podem; enquanto que outras pessoas mais simples acabam enriquecendo, porque economizam e dão valor ao que têm. Assim também os orgulhosos professos desperdiçam a graça que têm, enquanto o humilde cresce, aproveitando qualquer pequena ajuda, as quais são des­prezadas pelo orgulhoso. Certifiquem-se de terem pensamentos humildes a respeito de si mesmos, dos seus conhecimentos, graças e desempenho, e fiquem contentes em ser in­significantes na estima das outras pessoas, se não quiserem ser mais do que insignificantes na estima de Deus.

5o Conselho
Exercite-se diariamente em uma vida de fé em Jesus Cristo como seu Salvador, Mestre, Mediador e Rei; como seu exemplo, sua sabedoria, sua justiça e sua esperança.
Todos os outros estudos e conhecimentos devem ser meramente subservientes ao estudo e conhecimento de Cristo. Aquele tipo de filosofia vã, contra a qual o Apóstolo Paulo tanto advertiu os cristãos, ainda está longe de ser considerada vã por muitos cristãos, sendo-lhes preferível ao próprio cristianismo. E para mostrar que tal filosofia é vã, enquanto a supervalorizam não demonstram nenhuma virtude sólida e digna de valor alcançada por meio dela; mas apenas uma mente soberba e uma língua fútil, como um címbalo que retine. Nós somos “completos em Cristo, em quem habita corporalmente toda a plenitude da divin­dade.”[3] Nenhum estudo no mundo o conduzirá tanto a Deus, e o familiarizará tanto com ele, especialmente com o seu amor e bondade, quanto o estudo de Cristo, de sua pessoa, seus ofícios, suas doutrinas, seu exemplo, seu reino, e seus benefícios. Assim como a Di­vindade é o seu fim último, ao qual todo o mais constitui-se apenas em ajudas ou meios; assim também Cristo é o grande e principal meio, pelo qual todos os outros meios são animados. Lembre-se que você necessita constantemente dele, para direção, intercessão, perdão, santificação, apoio e conforto, e para ter paz com Deus.
Não deixe, portanto, que nenhum pensamento seja tão doce e freqüente em seu coração, nem nenhum outro assunto tão constante em sua boca (depois das excelências do Deus eterno) do que este que diz respeito a redenção do homem. Deixe Cristo ser para a sua alma o que o ar, a terra, o sol e o alimento são para o seu corpo, sem o que você não pode­ria continuar vivendo. Assim como você não veio ao Pai senão por ele, assim também, sem ele, você não pode continuar por um só momento no amor do Pai, nem ter um só de seus deveres aceitável, nem ser protegido de qualquer perigo, nem ter suprida nenhuma das suas necessidades. Pois aprouve ao Pai que nele residisse toda a plenitude, e “é por meio dele que, sendo justificados pela fé, temos paz com Deus e acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus”. E é nele, o cabeça, que devemos crescer em todas coisas, de quem todo o corpo recebe seu crescimento. Vo­cês não crescem mais em graça, do que crescem no verdadeiro conhecimento e uso diário de Jesus Cristo. Quanto a isto não me delongarei mais, por já haver escrito o bastante em Conselhos para uma Conversão Sadia.

6o Conselho
Deixe que o conhecimento e o amor de Deus, e sua obediência a Ele sejam as obras da sua religião; e o gozo eterno dEle nos céus seja seu constante propósito e a motivação que governa seu coração e vida, a fim de que sua própria conversação seja com Deus nos céus.
Um verdadeiro crente, ao fazer suas contas, certificando-se de que este mundo não faz ninguém feliz, foi guiado por Cristo a buscar sua felicidade com Deus nos céus. Se você não vive para esta felicidade eterna; se não é esta a sua ocupação, se não for este o seu te­souro e sua esperança, o objeto maior dos seus desejos, amor e alegria; e se todas as coisas não o impulsionam a servi-lo, e se você não rejeita as coisas que se colocam contra Ele, você não vive verdadeiramente a vida cristã. Deus e os Céu, ou Deus nos céus, é a vida e a alma, o princípio e o fim, a suma de tudo, a essência da verdadeira religião. É por isso que somos ensinados a começar nossas orações dizendo: “Pai nosso que estás nos céus”; e a encerrá-las reconhecendo que “dele é o reino, o poder e a glória para sempre.” Não é a criatura, mas Deus, o Criador, que é o Pai, guia, e felicidade das almas; e, por conseguinte, o fim e objeto último de todos os nossos atos e sentimentos religiosos.
Habite com Deus, e habite nos céus, se você quiser compreender a natureza e propósito do cristianismo. Que Deus seja tudo para você. Busque conhecê-lO, em todas as suas obras. Estude-O em sua palavra; estude-O em Cristo. E nunca O estude meramente para conhecê-lO, mas a fim de amá-lO. Tenham-se por mortos, quando não viverem no amor de Deus. Retenham constantemente em seus corações uma noção vívida da infinita diferença entre Ele e a criatura. Olhem para o mundo como uma sombra e Deus como a Substância. Os piores sofrimentos neste mundo, em comparação com o castigo eterno, não passam de um arranhão superficial diante da morte mais terrível. E todos os prazeres com os quais se pode sonhar neste mundo, são menores, em comparação com as alegrias do céu, do que um bocado de mel o é com relação a mil anos de gozo de todas as felicidades da terra. Todos os prazeres, honras ou riquezas deste mundo não são dignos de ser mencionados em com­paração com os céus. Assim, vivam como pessoas cujos olhos estão abertos para perceber a enorme desproporção que há entre um mundano e um santo.
Deixe que Deus seja seu rei, seu pai, seu mestre, seu amigo, seu bem, sua alegria, seu tudo. Não deixe que se passe um dia, no qual seu coração não comungue com Deus nos céus. Quando qualquer problema o assolar na terra, olhe para os céus, e lembre-se que é lá que o descanso e alegria estão preparados para os crentes. Quando você enfrentar qualquer necessidade, cruz ou tristeza, não extraia seu conforto de nenhuma esperança de libertação terrena, mas do lugar da sua libertação final e plena. A alma que não pode extrair conforto e encorajamento dos céus está em uma triste situação. Quando os pensamentos a respeito dos céus não adoção todas as suas cruzes, e não aliviam sua mente de todas as dificuldades terrenas, a sua alma não está em estado saudável. É tempo, portanto, de perscrutar a causa e de buscar a cura, antes que a situação piore.
Há três causas principais deste estado tenebroso e perigoso da alma, que torna os pen­samentos a respeito dos céus ineficazes e desconfortáveis para nós, e que precisam ser su­perados com todo o cuidado e diligência de sua vida:
O primeiro, é a incredulidade, que faz com que você olhe para o mundo por vir com dúvida e hesitação. Este é o impedimento mais comum, radical, poderoso e pernicioso para uma vida celestial. O segundo é o amor pelas coisas deste mundo, o qual, sendo a vaidade de uma mente pobre, baixa e carnal, pode ser superado pela vivificação da razão; mas é a alma crente na vida por vir que deve prevalecer. O terceiro, é o medo desordenado da morte, a qual leva tanta vantagem sobre a constituição ou natureza humana, que é comu­mente o último inimigo a ser vencido (assim como a própria morte foi o último inimigo que Cristo venceu por nós). Reúna todas a suas forças, e gaste seus dias lutando contra es­tes três grandes impedimentos para uma vida celestial (piedosa).

7o Conselho
Com relação a obra de mortificação, deixe que a auto negação seja o princípio e o fim de todos os seus estudos, cuidados e diligência.
Empenhe-se em compreender quanto do estado caído e depravado do homem é encontrado no pecado do egoísmo; em entender que é ele que faz com que o homem mergulhe em si mesmo, impedindo-o de amar a Deus, aos seus semelhantes, e de preocupar-se com o bem público e privado de outros. Este amor-próprio é o grande inimigo de todo o verdadeiro amor a Deus e aos homens, e a raiz e coração da cobiça, orgulho, volúpia, e de toda iniqui­dade. Empenhe-se, portanto, durante cada dia da sua vida, e mortificar e vi­giar este pecado. Quando você sentir-se voltado para si mesmo, e disposto a dar a preferência, não aos outros, mas a si próprio, com relação a reputação, privilégios, ou vantagens; e perceber que está se ressentindo por qualquer palavra ou injúria dita ou feita contra você; considere que é desta perniciosa raiz de egoísmo que todos os enganos procedem. Você pode ler mais a este respeito no meu Tratado sobre Auto-negação.

8o Conselho
Considere seus desejos carnais corrompidos como o maior inimigo da sua alma, mortifique constantemente e a cada dia a sua natureza pecami­nosa, e esteja vigilante contra suas concupiscências e apetites, com relação a cada um dos seus sentido.
Lembrem-se de que os seus sentidos não foram feitos para governarem-se a si mesmos, mas para serem governados por uma reta razão; e que Deus os fez, a princípio, para serem a passagem ordinária do Seu amor e misericórdia para os nossos corações, por meio das criaturas que O representam ou mani­festam. Mas agora, no estado depravado do homem, os sentidos rejeitaram o governo da razão, e assumiram o poder, de modo que o homem tornou-se como os animais. Lembrem-se que ser sensual é ser brutal; e que, embora a graça não destrua os apetites e sentidos, ela submete-os a Deus e à razão. Assim, portanto, não permitam que os apetites de vocês sejam satisfeitos em nada que não seja permitido pela reta razão. Não pense que você pode co­mer, beber, ou divertir-se simplesmente porque sua carne deseje; mas consi­dere se isso lhe fará bem ou não, e em que isso promoverá o bem da sua alma. Ser servilmente governado pelos apetites e sentidos é encontrar-se em um estado baixo e pecaminoso. Pelo costume de agradar aos apetites e senti­dos, você aumenta de tal modo seus desejos, que chega ao ponto de não mais conseguir negar ou desagradar suas demandas. Desse modo, você ensina-os a serem como cães e porcos que não sabem ficar quietos enquanto sua fome não for satisfeita. Por outro lado, os apetites e sentidos bem governados são facilmente acalmados por uma negação racional.

9o Conselho
Fique atento para que você não ame o mundo ou qualquer coisa que nele há, para que seus pensamentos com relação a qualquer lugar ou condição que você possua ou espere possuir ou desfrutar, torne-se demasia­damente doce ou agradável a você.
Não há ninguém que pereça, senão por amar as criaturas mais do que Deus - e complacência é uma manifestação de amor. “Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” Valorize todas as coisas terrenas, conforme elas o conduzam ao serviço do seu Mestre, ou à sua salvação; e não segundo elas tendam a agradar sua carne. A mais comum e mais perigosa loucura no mundo é ser ávido por ter casas, terras, provisões, e tudo o que nos cerca, ansiosos por vivermos em um estado o mais agradável e confortavelmente possível. Isto é, reconhecidamente, um caminho para o inferno, e veneno para a alma. Não está você em maior perigo de amar demasiadamente uma condição agradável e próspera do que um estado de dificuldade; e de amar em demasia as rique­zas, a honra e a abundante satisfação dos seus desejos sensuais, do que a pobreza e a mortificação? Você não sabe, entretanto, que se você vier a ser condenado eternamente, será por amar demais ao mundo e pouco a Deus? Será que é sem razão que Cristo descreve um santo como um Lázaro e po­breza e dores, e um condenado pecador como “um homem rico, que se ves­tia de púrpura e de linho finíssimo, e que todos os dias se regalava esplendi­damente”? Será que Cristo não sabia o que estava fazendo, quando colocou à prova o jovem rico, aconselhando-o a desvencilhar-se das suas riquezas deste mundo e a seguir a seguí-lo em busca de um tesouro no céu? Todas as coisas devem ser consideradas como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo, e pela esperança do céu, se você houver de ser salvo. Você deve de tal modo viver pela fé, que não atente para as coisas temporais que se vêem, mas para as coisas eternas que se não vêem.
Nós devemos esquecer as coisas que para traz ficam, não voltando a pen­sar nelas ou olhá-las. Se você sentir que este veneno infectou seu coração, e sua situação neste mundo, ou mesmo suas esperanças, de modo que as coisas que há no mundo começaram a tornar-se doce e agradáveis a você, corra imediatamente para Cristo, o seu médico, e tome seu antídoto, e lance fora da sua alma este veneno. Você não deve ter nenhum prazer nas Suas miseri­córdias externas, senão naquilo que tende para o seu benefício, e promova o seu bem e o de outros; mas nunca como uma provisão para a carne.

10o Conselho
Não se lance intencionalmente às tentações, mas evite-as ao máximo; e se você, sem intenção, for lançado a elas, resista resolutamente, sabendo que elas vieram com o propósito de seduzi-lo na tentativa de arrancá-lo de Deus e da felicidade eterna e lançá-lo no pecado e no inferno. Procure dis­cernir, portanto, a que tentações específicas você fica sujeito, com cada pes­soa, chamado, relação, negócio, tempo, lugar e condição da vida; e vá sempre munido com os antídotos específicos para cada uma delas.
A tentação é o caminho para o pecado, e o pecado o caminho para o in­ferno. Se você percebesse o perigo em que se encontra quando se expõe deliberadamente à tentações, tremeria e correria para salvar sua vida. Eu já tenho por perdida a pessoa que escolhe a tentação ou que, podendo, não a evita. Compreenda, especialmente, quais as doenças e maiores perigos a que sua alma está sujeita; e guarde-se atentamente delas. Você é dado à glutonaria e a gratificar o seu apetite? Evite a tentação, e não coloque diante de você o que pode ser sua armadilha; neste caso, que sua alimentação seja simples, e do tipo que menos o tenta. Não sente na mesa do glutão, que todo dia se provê de comidas deliciosas, se você quiser escapar do pecado e da miséria da glutonaria. É você inclinado à bebida? Evite bebidas fortes que possam tentá-lo, e evite os lugares e companhias que possam conduzi-lo a este peca­do. Você é inclinado à lascívia? Evite a presença de pessoas do outro sexo que possam tentá-lo. Não procure aproximar-se delas, nem converse com elas; mas, acima de tudo, evite intimidade e familiaridade e privacidade com elas, e tudo o que possa se constituir em oportunidade para o pecado. Quan­do o diabo colocar a isca diante de você, e lhe disser: “agora você pode pe­car que não será molestado ou descoberto”, você se encontrará em uma situação deveras perigosa. Aqueles que pensam que não pecarão, embora gostem de se expor à tentação, e de se aproximarem o mais que puderem do pecado e da oportunidade de pecar; cairão antes que percebam o perigo. Assim, se você for inclinado ao orgulho e à ambição, evite associar-se com aqueles que o tentam neste sentido: evite a companhia de pessoas vãs ou daqueles que estimulam sua ambição. Uma vida retirada, em companhia de pessoas simples e humildes, é apropriada para aqueles que sofrem dessa do­ença.
Entretanto, se as circunstâncias não permitirem evitar a tentação, certifi­que-se de evitar o pecado. Encare-a, como se você estivesse vendo e ouvindo o próprio diabo persuadindo-o a pecar, e a arruinar sua alma. Abomine a própria idéia do pecado, e não dê ao diabo ouvidos pacientes, quando você sabe qual o seu propósito. A resolução livra de muitos perigos que arruinam os que ficam dialogando e brincando com o tentador. Fique especialmente atento, quando o tentador empregar pessoas de grande posição, pessoas eruditas, piedosas ou amigos íntimos como seu instrumento. Se a sutileza deles o deixar desnorteado, recorra a crentes mais fortes e experientes em busca de conselho e ajuda. “Vigiai e orai para que não entreis em tenta­ção”.
É terrível pensar nas pessoas que caíram em tentação. Que pessoas sábias, eruditas e excelentes já foram derrotadas pela sagacidade do diabo, e acaba­ram pecando como tolos, quando cessaram de vigiar. Ainda que formos tão determinados quanto Pedro, a tentação pode rapidamente mudar nossas reso­luções se Deus nos deixar entregue a nós mesmos, e ficarmos presunçosos. Quando isso acontece, nossa própria razão perderá sua capacidade; e o enga­no fará com que as coisas pareçam para nós o contrário do que realmente são. Razões que antes poderíamos facilmente perceber que são enganosas, podem então nos parecer razoáveis. A tentação, quando prevalece, enfra­quece e faz adormecer nossas graças, e encantam e enfeitiçam todas as facul­dades da alma.

11o Conselho
Se for possível, escolha para ajudar e guiar sua alma um pastor que seja criterioso, experiente, humilde, santo, piedoso, fiel, diligente, vigoroso e pacífico e não faccioso.
Não pensem que vocês são suficientes por em si mesmos, sem a ajuda da­queles que Cristo designou como supervisores das almas de vocês. Assim como vocês não podem viver sem o ensino e as graças de Cristo; assim tam­bém Cristo outorga a vocês seus ensinos e graças pelo ministério dos oficiais que Ele designou para este propósito e fim. É maravilhoso observar como Cristo preferiu converter os homens pela pregação e milagres realizados pe­los seus apóstolos do que pelos seus próprios; e como ele não converteu ple­namente a Paulo sem o ministério de Ananias, embora houvesse lhe falado ele mesmo dos céus, e argumentado com ele com relação a sua perseguição. Como ele não converteu plenamente a Cornélio e a sua casa sem o ministério de Pedro, embora haja enviado um anjo para instruí-lo; nem haja convertido o eunuco etíope sem o ministério de Filipe, nem o carcereiro sem o ministé­rio de Paulo e Silas, embora tenha operado um milagre para prepará-lo para sua conversão. Paulo tem que plantar, Apolo tem que regar, antes que Deus dê o crescimento.
Embora todo crente verdadeiro seja ensinado diretamente por Deus, e não deva ter a nenhum homem na terra como mestre da sua fé, senão Cristo, ainda assim eles têm seus ensinadores, pais e instrutores sujeitos a Cristo, os quais são seus ajudadores, embora não tenham domínio sobre a sua fé. Eles são supervisores, embora não sejam senhores e proprietários do rebanho; e são ministros de Cristo, por meio dos quais ele ensina, e dispensa os misté­rios de Deus, e embaixadores por meio dos quais roga aos pecadores que se reconciliem com Deus, visto que conferiu a eles o ministério da reconcilia­ção.Estes, são “cooperadores com Deus” na sua “lavoura e edifício”. Cristo sabe da necessidade das crianças da sua família de terem tais precepto­res; ele sabe que muitos crentes são comparativamente; de outro modo, ele nunca teria designado pessoas para tal ofício. Mas, visto que designou, ele preservará a honra dos seus oficiais, e concederá a vocês suas bênçãos, ali­mento, e privilégios por meio das mãos deles. Se você instado por sedutores a desprezar ou negligenciar o ministério dos oficiais de Cristo, você está negligenciando a ajuda de Cristo, bem como suas misericórdias e suas gra­ças, está agindo como crianças que desprezam a ajuda dos seus preceptores. Agindo desse modo, você pode esperar ser cedo apanhado pelo diabo, como um perdido que não tem defesa ou ajuda.
Contudo, há grande diferença entre um ministro ou pastor e outro; tanta quanto entre médicos, advogados e pessoas que exerçam qualquer outra fun­ção. Assim, não pode haver a menor dúvida que se você é cuidadoso quanto a instrução, conduta e segurança da sua alma, deverá ter todo o cuidado quanto a quem escolherá para confiá-la. Não é suficiente, portanto, dizer trata-se de uma ministro regularmente ordenado, assim como não é suficiente argumentar que um médico ignorante é formado ou um que capitão covarde recebeu regularmente sua patente; quando está em jogo a sua própria vida se você confiá-la a eles. Tão pouco é sábio responder que Deus confere suas graças através dos piores e dos melhores, tanto pelos mais fracos como pelos mais fortes, não sendo portanto necessário preocupar-se com isso. Pois em­bora Deus não tenha confinado a obra do seu Espírito aos meios mais exce­lentes, contudo, ele ordinariamente opera de conformidade com os meios que emprega - e isto é provado tanto pelas Escrituras, como pela razão e pela experiência diária. Deus opera racionalmente através do homem der acordo com as suas qualificações, como um agente livre e racional, pela operação moral, e não como uma mera injeção física da sua graça. Quando vermos uma pessoa tida por sábia para a salvação por meio de mera infusão de sabe­doria, sem um mestre ou sem o estudo da Palavra de Deus; quando vermos pessoas que são tidas como convertidas por terem ouvido apenas algumas palavras, embora demonstrem não ter compreendido nada do Evangelho; se dermos atenção a este conceito; poderemos admitir que um herege possa ensinar a verdade tanto quanto um ortodoxo, ou que um cismático possa en­sinar a paz e a união tanto quanto um pastor católico e pacífico, ou que um homem ignorante dos mistérios da regeneração e da santa comunhão com Deus possa ensinar melhor aquilo que ele mesmo não conhece, e um inimigo da piedade possa ensinar você, tanto quanto qualquer outro, a ser piedoso.
Atente, portanto, em que o guia a quem você confie sua alma seja:

1. Capaz (judicioso, tenha discernimento), pois um homem não criterioso pode perverter as Escrituras, e guiá-lo ao erro, a heresia e ao pecado, antes mesmo que você perceba. Embora seja um pregador zeloso e fervoroso, ainda assim, se não for capaz (criterioso), pode ignorantemente colocar vene­no no seu alimento, como a experiência de nossa época lamentavelmente prova.
2. Veja, se possível, que ele seja um homem experimentado, que conhe­ça, por experiência própria, não apenas o que é ser regenerado e santificado e feito nova criatura, mas também como lidar com todo o combate entre o Es­pírito e a carne, e quais são os métodos e estratégias do tentador, e quais são os principais auxílios e salvaguardas da alma, e como devem ser usadas. Pois não é mais difícil ser um médico, um advogado ou um soldado capaz sem experiência do que um pastor capaz. Por isso o Espírito Santo ordena que não seja um crente neófito ou inexperiente.
3. Veja também que ele seja humilde, pois se se ensoberbecer por causa do orgulhoso, incorrerá na condenação do diabo. Neste caso, ele escarnecerá dos labores do ministério considerando-os indigno (ou seja, pregar a tempo e fora de tempo, instar, repreender, e tratar com dignidade os mais pobres na congregação). Ou isso, ou então “falará coisas pervertidas para atrair discí­pulos para si”. Ou então, como Diótrefes, gostará de exercer a primazia, e governará a igreja visando o lucro.
4. Atente, também, para que ele seja santo em sua vida. Os não santos são inexperientes; sim, e têm uma inimizade secreta em seus corações contra a santidade que deveriam pregar constantemente. Eles demonstrarão isso nas suas mensagens desencorajadoras contra a piedade séria que deveriam pro­mover. Eles exercerão seus ministérios com descaso, e desfarão com suas vidas tudo o que pregam com suas línguas, endurecendo e estimulando as pessoas nos seus pecados, e fazendo-os crer que eles mesmos não crêem no que pregam. Não escolham um inimigo da santidade para guiá-los no cami­nho da santidade (um caminho que ele mesmo nunca quis); nem um inimigo de Cristo para conduzi-lo no combate cristão; visto ser ele um servo do di­abo, do mundo, da carne, contra quem vocês lutam.
5. Atentem, também, para que ele tenha uma mente celestial; de outro modo, sua doutrina será árida, e ele pregará apenas especulações e contro­vérsias inúteis, em vez de verdades edificantes.
6. Que seja também fiel e diligente no ministério, como alguém que conhece o valor das almas, e não o trairá, entregando-o ao diabo por sórdida ganância, ou motivos carnais; nem fará de você um negócio, estando mais interessado no que você possui do que na sua alma.
7. Que ele seja também um pregador vigoroso. Aquele que fala insensi­velmente e sonolentamente a respeito de assuntos tais como o céu e o infer­no, contradiz o que diz pela maneira como fala.
8. Atente, finalmente, que ele seja alguém com espírito verdadeiramente católico, não sectário ou dado à divisão.

12o Conselho
Escolha para seus amigos pessoais e companheiros, crentes humildes, piedosos, sérios, que mortifiquem a carne, caridosos, pacíficos, judiciosos, experientes, e resolutos em seguirem os caminhos de Deus; e não pessoas ímpias, ou orgulhosas, auto-suficientes, críticas, sectárias, não judiciosas, inexperientes, carnais, mundanas, opiniosas, superficiais, mornas ou meros professos da religião.
Seus amigos são um assunto de extrema importância para você, visto que podem se constituir em um dos maiores auxílios ou impedimentos para a sua vida, especialmente aqueles que moram com você, e aqueles que você esco­lhe para seus amigos íntimos. Assim, portanto, até aonde a providência de Deus o permitir, escolha alguém com as características descritas; ou pelo menos um desses para seu amigo íntimo. Com quem você conversa intima­mente é de importância indizível para a sua salvação. Uma boa companhia lhe ensinará o que você não sabe, o lembrará do que esquecer, o estimulará quando estiver desanimado, o revigorará quando estiver frio, o alertará quan­do estiver em perigo, e o salvará do veneno das más companhias. Que ajuda e alegria é ter um amigo santo, judicioso e fiel com quem podermos abrir o coração e caminhar juntos nos caminhos da vida! Por outro lado, quão difícil é escapar do pecado e do inferno e ir para o céu, na companhia e amizade dos servos do diabo, os quais estão a caminho do inferno! Não sejam os seus amigos piores do que você mesmo, para que eles não o tornem pior; que eles sejam os mais sábios e melhores que você puder encontrar.

13o Conselho
Subjugue sua paixões, e abomine todos os princípios e práticas intole­rantes, e viva em amor; mantendo a paz na sua família, com seus vizinhos, e, especialmente, na igreja de Deus.
Ame como você gostaria de ser amado; sim, ame se quiser ser amado, pois não há maneira melhor de assegurar amor. Ame porque você é gracio­samente amado por aquele Deus cuja ira você tão freqüentemente merece. Deixe o sentimento de gratidão pelo Seu amor em Cristo transformá-lo todo em amor por Deus e pelos homens. Abomine cada pensamento, palavra ou ação que seja contrária ao amor e possa ferir os outros; e odeie a maledicên­cia e palavras amargas de qualquer pessoas, que tendam a tornar alguém odi­oso e a destruir seu amor por qualquer pessoa que Deus lhe ordena amar. Quanto mais os pessoas ferirem você, lembre-se de ser vigilante para manter seu amor, sabendo que estas tentações são enviadas pelo maligno, com o propósito de destruí-lo e apagá-lo (o amor) e de encher seu coração com into­lerância e ira. Dê lugar à ira dos outros, e não resista com palavras nem ações. Seja especialmente compassivo com relação à união de verdadeiros crentes e à paz da igreja. Quando vocês ouvirem pessoas de diferentes parti­dos, descrevendo uns aos outros como odiosos, entenda que isso é linguagem do diabo para apartá-lo do amor em direção ao ódio e à divisão. E quando você tiver que falar odiosamente do pecado de outras pessoas, fale caridosa­mente das suas pessoas, e seja tão pronto para falar do bem que há neles, quanto do mal.
Você deve amar os crentes como crentes, embora tenham erros e faltas. Você pode unir-se em culto com crentes de outras denominações, embora a maneira deles cultuarem possa ter erros e faltas com relação à ordem e ma­neira de culto; desde que não se trate de um culto substancialmente corrom­pido, de modo que seja inaceitável por Deus; nem aprove os erros e faltas dos que assim cultuam; nem justifique suas menores faltas; nem prefiram os cultos defeituosos ou faltosos aos cultos mais puros e agradáveis à vontade de Deus. Mas, enquanto todos os adoradores forem defeituosos e imperfei­tos, todos os seus cultos também o serão. Se vocês, sendo pecaminosos, não significa que ao orarem ou pregarem aprovam suas próprias faltas; muito menos a presença de vocês provará que são complacentes com as faltas dos outros. Condescenda com o que Deus condescende, e não rejeite o que é de Deus, por causa das faltas dos outros.

14o Conselho
Mantenha sob constante vigilância os seus pensamentos e a sua língua, especialmente contra aqueles pecados a que você é mais tentado e nos quais você vê que outros cristãos caem mais frequentemente.
Mantenha seus pensamentos ocupados com alguma coisa que seja boa e proveitosa; seja com algumas verdades úteis, seja com alguns deveres a Deus e aos homens, inerentes à sua vocação geral ou particular. Aprenda como vi­giar seus pensamentos e a interrompê-los logo que comecem a enveredar-se por caminhos ruins; e a estimulá-los e torná-los úteis a cada graça e dever. Você nunca poderá aperfeiçoar suas horas de solidão, se não aprender a go­vernar seus pensamentos.
Assim como os pensamentos devem ser governados, por serem o primeiro e mais íntimo ato do bem ou do mal; assim também a língua deve ser gover­nada como a primeira expositora da mente, e o primeiro instrumento para o bem ou dano aos outros. Tenha cuidado especialmente com aqueles pecados nos quais incidem a maioria dos cristão professos: 1) O uso costumeiro de galhofa (brincadeira) vã e conversas inúteis. 2) Palavras provocadoras, exal­tadas e impensadas. 3) Difamação, crítica e falar mal de outros, sem nenhu­ma causa justa, seja com base em notícias incertas, suspeitas descaridosas ou que tendam mais a causar dano do que bem. 4) Manifestação da nossa pró­pria vaidade e alegações confiantes em defesa das nossas opiniões incertas e não provadas sobre religião, e uma contenda altercadora em favor delas, como se o reino de Deus dependesse delas; e uma prontidão para falar ao in­vés e não para ser o ouvinte em qualquer reunião; e falar de uma modo pe­remptório, como se nos tivéssemos como os mais sábios e os outros precisas­sem aprender de nós.
Mas tenha cuidado, especialmente, de falar mal daqueles que ofenderam você ou que divergem de você com relação a alguma posição religiosa tole­rável. Abomine aquele vício intolerante que faz com que as pessoas estejam prontas para acreditar em qualquer coisa e dizer qualquer coisa contra aque­les que são contra eles, sua denominação ou partido, embora nada se possa provar das coisas que são acusados.
Da minha própria observação, que com tristeza de alma fiz desta geração, eu alerto a esta e às gerações seguintes, se tiverem qualquer consideração para com a verdade e a tolerância, a terem cuidado em acreditar no que qual­quer historiador ou teólogo faccioso ou parcial diz de ruim contra as pessoas ou partidos contrários a ele; pois embora haja pessoas boas e dignas na maioria dos e partidos, você descobrirá que a paixão (sentimentos) e a par­cialidade prevalece sobre a consciência, a verdade e a tolerância na maioria dos que estão acometidos desta enfermidade. A inveja amargurada, descrita no capítulo três de Tiago, faze-os pensar que estão prestando um serviço a Deus em acreditar nesses relatos e em lançar-se contra aqueles que seu zelo e facção chamam de inimigos da verdade. Não acredite, portanto, em qualquer mal dito em conseqüência de orgulho, facção ou malícia, enquanto não hou­ver suficiente evidência da verdade.

15o Conselho
Que cada situação ou relação em que você se encontra nesta vida seja santificada para Deus, e assim usada. Para este fim, compreenda as vanta­gens e deveres de cada condição ou relação, e os pecados, impedimentos e perigos aos quais você é mais sujeito.
Os deveres inerentes às nossas situações e relações são parte importantís­sima da obra de um cristão nesta vida: como magistrados ou cidadãos, como pastores ou rebanho, como pais ou filhos, maridos ou mulheres, senhores ou servos; como superiores em dons ou funções, ou inferiores ou iguais; como vizinhos ou colegas; ao ensinar ou aprender, ao comandar ou obedecer, ao comprar ou vender. Se você quiser viver como cristão, de modo aceitável di­ante de Deus, seja digno em quaisquer dessas condições ou relações. Um magistrado impiedoso ou opressor; um cidadão murmurador e rebelde; um pastor ímpio, negligente ou faccioso; um rebanho não ensinável, teimoso ou não piedoso; um marido, pai ou professor sem religião amor ou justiça; uma esposa, filho ou servo sem amor, submissão ou fiel diligência; um superior orgulhoso e desdenhoso; um inferior malicioso e crítico; um vizinho descari­doso; um vendedor ou comprador enganador e um amigo egoísta, que seduz ao mal e inútil; estão todos muito longe de agradar a Deus com o restante das suas obras ou profissão religiosa, visto que estão longe de ser obedientes à Sua vontade. Ele abomina as orações e profissões de fé de tais pessoas, visto que prefere a obediência do que sacrifício. Se você for falso para com os homens, não pode ser verdadeiro para com Deus. É “aquele que o teme e faz o que é justo que lhe é agradável.” E os injustos não herdarão o reino de Deus.

16o Conselho
Viva como alguém que recebeu todos os seus poderes, dons e oportuni­dades, para com eles fazer bem no mundo; como alguém que haverá de prestar contar de como empregou o que recebeu; e como alguém que acre­dita que quanto mais bem fizer, mais receberá, e maior é a honra, proveito e prazer que tem na sua vida.
Lembre-se de que fazer o bem é a mais elevada imitação à Deus, desde que isto proceda de santo amor, e seja feito para agradar e glorificar a Deus. Lembre-se de quem foi que disse que “Mais bem-aventurado é dar do que receber” e quem prometeu que “quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá galardão de profeta; quem recebe um justo no caráter de justo, receberá galardão de justo. E que der de beber ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão”. “Dá a todo o que te pede”, conforme as tuas posses, “dai, e dar-se-vos-á.” Considere perdido o dia ou a hora em que você não fizer o bem direta ou preparatoriamente; e considere perdida a parte da sua posição com a qual você não faça o bem direta ou indiretamente. Lembre-se de que você será julgado de acordo com o aproveitamento que fizer de cada um dos seus diversos talentos. Quando seus dias passarem, suas posições se forem, seu entendimento ou suas forças decaírem e seus recursos e sua grandeza for igualada aos mais pobres, será um conforto indizível se você puder dizer que os empregou sinceramente para o uso do nosso Mestre; e um indizível terror ter que reconhecer que os desperdiçou à serviço da carne. Portanto, se você for uma autoridade, e lhe for confiado poder, considere como empregá-lo para realizar todo o bem que puder. Se você for um ministro de Cristo, disponha seu tempo, forças e dons, para fazer o bem às almas de todos a seu redor; procure ser o mais útil possí­vel à igreja e a causa de Cristo. Se você for rico, empenhe-se em fazer todo o bem que pode ser feito com sua riqueza, não violando às relações nas quais Deus o colocou: na sua vizinhança e família e demais relações. Considere, agradecido, uma grande misericórdia para você mesmo, quando a oportuni­dade de fazer o bem lhe for oferecida. E não se satisfaça em fazer um pouco, quando você tem possibilidades de fazer muito mais.
“Não vos enganeis, de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem se­mear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colhe­rá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo cei­faremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” “Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para bo­as obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”
Que fazer o bem seja o propósito e emprego da nossa vida. Prefiramos o bem público ao bem individual de qualquer pessoa; e o bem da alma do que o bem do corpo. Mas ainda assim, não negligencie nem um nem outro, mas faça o menos importante a fim de poder fazer o mais importante.
Objeção: Mas eu sou um pessoa pobre e insignificante, sem habilidades quer de mente, de corpo, ou de posição. Que bem posso eu fazer?
Resposta: Não há uma só pessoa racional a qual não lhe tenha sido confi­ado algum talento, por menor que seja; e que não seja capaz de fazer bem ao mundo, desde que, de coração, o deseje. Ainda que você não tenha dinheiro para dar, nem língua para falar, para estimular os outros a fazer o bem, ainda assim, uma vida santa, humilde, paciente e sem mácula, é meio poderoso de fazer bem, pois revela as excelências da graça, convencendo os incrédulos do pecado, calando a boca dos inimigos da piedade, e honrando os caminhos de Deus no mundo. Tal vida santa e exemplar é um contínuo e poderoso sermão. Com relação a capacidade para dar, se você sinceramente deseja dar, se pudesse, para Deus você já deu. Aquilo que você daria se pudesse, é re­gistrado a seu favor, como se realmente dado. As duas pequenas moedas da viúva pobre[ foram louvadas por Jesus como uma generosa oferta, e um copo de água fria não deixa de ser recompensador à alma que tem boa vonta­de. Ninguém, portando, é desculpável, se viver sem ser útil ao mundo. Contudo, pessoas que dispõem de recursos e riquezas, têm mais contas a prestar; seus dez talentos devem ser aproveitados proporcional­mente; eles podem fazer muito maior bem. “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.”

17o Conselho
Empenhe-se em remir o tempo, e valorize bastante cada minuto; não economize tempo em laborar para a sua salvação; não imagine que uma vida fácil, ociosa e preguiçosa é suficiente para o elevado e glorioso fim, que é a salvação da sua alma.
Se qualquer coisa no mundo exige todos as nossos qualidades e tempo, é esta para a qual todos as nossas qualidades e tempo nos foram dados; e a qual, estamos certos, nos recompensará por tudo. Ó, quão entorpecida é a condição estúpida do homem que não leva a sério o caminho da eternidade; aquela vida interminável de alegria ou tristeza que depende dos preparativos feitos em uma vida tão pequena. Quão pouco conhece do valor da sua alma, das alegrias do céu, da maligna diligência de Satanás, da dificuldade da sal­vação, aquele que pode ficar ocioso e brincar horas e horas; ora, como se não houvesse orado, e parece ser religioso, mas não vive a vida cristã com serie­dade! Tais pessoas, não se empenham para escapar do fogo do inferno e obter gozo eterno com Cristo, tanto quanto o fazem para escapar da morte física ou de algum infortúnio, ou para obter alguma honra ou riqueza neste mundo. Portanto, se você tem alguma preocupação com sua alma, não faça pouco caso do céu ou do inferno; não brinque nesta corrida e luta; não brin­que com Deus ou com sua consciência; não brinque, nem desperdice seu tempo. Aprenda a conhecer o valor de uma hora, para o bem da sua vida e de sua alma, tal como conhece um homem às portas da morte. Quanto a isso, já tratei no meu Agora ou Nunca, em Contraste entre o Homem Carnal e o Homem Espiritual, e no Descanso Eterno dos Santos.

18o Conselho
Pare para calcular o que pode custar-lhe ser verdadeiramente cristão e ser salvo. Não calcule baseado em prosperidade ou em uma religião barata; mas resolva tomar a cruz e seguir a Cristo no sofrimento, e em ser crucifi­cado para o mundo, e, através de muitas tribulações, entrar no reino dos céus.
Todos quantos viverem piedosamente em Cristo serão perseguidos. Não todos os que são batizados e chamados cristãos, mas “todos os que vivem piedosamente em Cristo Jesus”. É da piedade, e não o mero nome do Cristi­anismo que a semente da serpente é inimiga. Não é devido a bondade dos grandes do mundo, mas pela covardia dos nossos corações que os ministros de Cristo não são freqüentemente mártires.
Embora Deus possa poupá-lo de maiores sofrimentos pela sua causa, não é sábio ou correto esperar que isto aconteça; pois isto impediria de preparar-se para o sofrimento. Pessoa alguma que não está disposta para ser um mártir pode ser salva. Quando provação vier sobre você, que ela não lhe seja al­guma coisa estranha ou inesperada. Quando a perseguição se levanta por causa do mundo, o crente não enraizado, sadio e seguro, se ofende e apostata. Então, ele encontra qualquer razão, contanto que sua segurança não se altere. “Todos quanto querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo”. Não temam o sofrimento; “Não temam aqueles que podem matar apenas o corpo”. Nunca o Espírito de Deus e glória está tão presente nos crentes quanto quando sofrem por causa da justiça, e nunca eles têm mais ra­zão para abundante gozo. Prosperidade não está tão de acordo com uma vida de fé, quanto sofrimentos e adversidade. “A nossa leve e momentânea tribu­lação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.

19o Conselho
Se você cair em algum pecado, levante-se rapidamente por meio de completo e profundo arrependimento; e evite qualquer delonga ou cura paliativa.
Tenha cuidado em não confiar em um arrependimento apenas geral. Ao invés disso, arrependa-se e converta-se de qualquer pecado específico conhecido. Se a tentação o abateu, tenha cuidado de não ficar neste estado, mas levante-se imediatamente. O que o Apóstolo disse sobre a ira, o mesmo eu digo com relação a outras quedas: não se ponha o sol sobre elas; mas vá com Pedro, e chore com ele, se, como ele, pecou. Se seus joelhos se deslocaram, ou seus ossos quebraram, trate disso imediatamente, antes que se fixem fora de lugar. Que a cura seja completa, e não economize dor neste sentido. Que uma confissão pública, quando o caso requerer e uma completa restituição demostre a sinceridade do seu arrependimento; pois tratar o pecado com gentileza pode arruinar você; e o tratamento paliativo é a cura dos hipócritas. Oh, fique atento para que você não durma uma só noite em pecado não arrependido. Tenha cuidado para não encorajar o tentador a oferecer-lhe a isca novamente, e a dizer: por que não uma vez mais? Porque você não pode ser perdoado duas vezes tanto quanto uma; e por três, tanto quanto duas? e assim por diante. É perigoso brincar ou dormir à beira do inferno. Afaste-se definitivamente da tentação e das oportunidades de pecar; não fique procurando justificativas, mas seja resoluto, e não peque mais, para que coisa pior não lhe aconteça. Não fique preocupado com a vergonha, perdas ou sofrimento que uma confissão, restituição ou reforma possa acarretar; pense antes, que jamais poderá da condenação de qualquer maneira. Atente para o significado das palavras de Cristo, quando fala de cortar a mão direita ou arrancar o olho direito, se eles te fazem tropeçar; isto é: te enredam ou tentam ao pecado. Não que você deveria fazer isso literalmente, pois há um meio mais fácil de evitar o pecado. O que o Apóstolo quer dizer, é que entre as duas coisas ruins, é muito menos grave perder uma mão ou um olho, do que perder a alma - portanto seria preferível, se não houvesse outro remédio. Se um ladrão não tivesse outra maneira de deixar de roubar senão cortando a mão, ou o fornicador não dispusesse de outra cura para sua lascívia, senão arrancar seu olho, isto seria um remédio barato (em comparação com a perda da alma no inferno).
Um arrependimento barato, fácil e superficial, pode mascarar o pecado e enganar um hipócrita; mas aquele que quer ter certeza do perdão e ficar livre de temor, não deve medir esforços para arrepender-se profundamente.

20o Conselho
Viva como que com a morte continuamente diante dos seus olhos, e gaste cada dia preparando-se seriamente para este momento, a fim de que, quando ela vier, você esteja pronto; e não tenha que clamar a Deus por outra oportunidade.
Não se prometa vida longa; não pense na morte como se estivesse muitos anos adiante, mas como se à mão. Pense no que será necessário para sua paz e conforto naquele momento, e disponha toda a sua vida de acordo com isso. Prepare-se agora, para o que será necessário naquela ocasião. Viva agora, enquanto você dispõe de tempo, como você resolverá e prometerá a Deus viver, quando estiver no seu leito de morte orando por um pouco mais de tempo e oportunidade. É uma grande obra morrer em alegre convicção e esperança de vida eterna, e com um desejo ardente de partir e estar com Cristo.
Que peso e terror será, naquele momento, ter um coração incrédulo ou mundano, ou uma consciência culpada. Use, portanto, agora, toda a diligência possível para fortalecer a fé, aumentar o amor, ver-se absolvido de culpa, encontrar-se livre do mundo, ter a mente livre do domínio da carne, andar com Deus e obter a mais profunda e deleitosa apreensão do seu amor em Cristo, e da bênção celestial que você aguarda.
Você sente qualquer dúvida quanto ao estado de imortalidade, ou vacila diante das promessas de Deus por causa da incredulidade? Faça no presente tudo o que puder para dissipar toda a dúvida e firmar-se resolutamente nas promessas de Deus, e não deixe tudo para ser feito na última hora.
Os pensamentos acerca de Deus e dos céus não lhe são agradáveis como deveriam? Averigue, no presente, qual a causa e labore para mudar este seu estado, como laboraria para salvar sua vida. Há algum pecado passado ou presente que atormenta a sua consciência? Vá imediatamente a Cristo em busca de cura pela fé e verdadeiro arrependimento; tire agora da sua consciência, o peso que teria que ser tirado no leito de morte; e não deixe obra tão grande e necessária para um tempo tão incerto, curto e inadequado.
Há alguma coisa neste mundo mais doce aos seus pensamentos do que Deus e os céus, coisas essas das quais você não se desvencilharia de boa vontade? Mortifique isso sem nenhuma demora, considerando o quanto são vãos, com relação aos céus. Não cesse até que considere tal coisa perda, pela excelência do conhecimento de Cristo e pela vida eterna.
Não deixe que a morte o tome de surpresa, como algo que você nunca aguardou seriamente. Não pode você se preparar melhor para ela do que o tem feito? Se não, por que você deseja, no leito de morte, mais tempo e oportunidade nesta vida; e por que é você conturbado por não haver vivido melhor? Oh, como a sensualidade estupidifica o mundo; e a falta de reflexão priva as pessoas do benefício da razão! Se você realmente sabe que a vida é curta, e que em breve morrerá, viva então como um homem à beira da morte deveria viver; escolha sua condição neste mundo e a administre como um homem que deverá morrer em breve. Faça uso do seu vigor, autoridade e qualificações, bem como de todas as oportunidades, especialmente a causa e servos de Cristo, como as pessoas deveriam fazer, se estivessem à beira da morte. Construa e plante, compre e venda, e use seu dinheiro como quem tem que morrer, tendo em mente que a função de todas essas coisas passarão. Sim, ore e leia, ouça e medite, como quem certamente morrerá.
Visto que a sua morte é tão certa que pode ocorrer nesta mesma hora, não adie sua preparação para ela. É algo terrível para uma alma imortal separar-se do corpo em um estado carnal, não regenerado e despreparado; e deixar um mundo com o qual estivera familiarizada, e partir para outro que não conhece nem ama, e no qual não colocou seu coração nem seu tesouro.
A medida da fé que pode ajudá-lo a suportar uma cruz não muito pesada não é suficiente para encorajar sua alma a enfrentar tão grande mudança. Por outro lado, aquele que pode morrer bem, pode fazer qualquer outra coisa ou sofrer qualquer coisa; mas aquele que está despreparado para morrer está despreparado para uma vida frutífera e em paz. O que pode racionalmente alegrar pessoas que certamente morrerão, mas que estão despreparadas para morrer e que não desfrutam do conforto necessário para enfrentar a morte? Não permita que nada lhe seja doce agora, que venha a lhe amargo na hora da morte. Que nada lhe seja muito desejável agora, que na hora da morte venha a ser-lhe inútil e não produza conforto algum. Por outro lado, que nada lhe pareça demasiadamente pesado ou triste agora, que na hora da sua partida será suave e fácil. Considere todas as coisas agora, como parecerão na hora da morte; a fim de que, quando chegar o dia em que findarem todas as alegrias dos ímpios, você possa dizer com alegria: Bem-vindo céus, este é o dia que tanto desejei, e para o qual me preparei e gastei todos os meus dias; dia em que se dissiparão meus temores, e começará minha felicidade; dia em que tomarei posse de tudo o que desejei, e pelo que orei e labutei; quando minha alma verá seu Senhor glorificado; pois ele disse: “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará”. Sim Senhor Jesus, lembra-te de mim agora que estás no teu reino, e deixa-me estar contigo no Paraíso. Ó tu que proferiste estas palavras, tão cheias de inexprimível conforto a uma mulher pecadora, com as primeiras palavras que pronunciastes após Tua bendita ressurreição: “Vai ter com os meus irmão, e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” Toma esta alma que te pertence, para que ela possa ver a glória que te foi dada com o Pai; e, ao invés desta vida de tentações, problemas, trevas, distancia, e imperfeição pecaminosa, eu possa com deleite contemplar, amar, e adorar o teu Pai e meu Pai, teu Deus e o meu Deus. Senhor, permite que o teu servo parta em paz. “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”

CONCLUSÃO
Agora que dei a vocês estes conselhos, para concluir só posso pedir que vocês disponham seus corações para praticá-los diariamente; pois não há outro caminho para um estado maduro de confirmação na graça. Se vocês realmente têm consideração pela glória de Deus, pela honra da religião de vocês, e pelo bem da Igreja e daqueles à volta de vocês, e pela vida e morte confortadora de vocês mesmos, não acomodem-se preguiçosamente em um estado infantil de graça!
Se vocês soubessem quão diferentes são uma fé fraca e uma fé forte; e quanto um crente fraco e um sadio diferem com relação a honra de Deus, ao bem dos outros, e especialmente para si mesmos, tanto na vida como na morte; isso despertaria vocês a uma alegre diligência visando um fim tão elevando e excelente. Se vocês, por outro lado, compreendessem o mal que Cristo e o evangelho têm suportado no mundo, por causa de crentes doentes e fracos, o coração de vocês sangraria, e vocês lamentariam privada e publicamente com vergonha e tristeza.
Despertem, portanto, a graça que foi dada a vocês, usem os meios que Cristo concede a vocês, e façam o melhor que puderem; e descobrirão que Cristo não é um médico insuficiente, nem um Salvador ineficaz, nem uma fonte vazia; mas que ele está cheio da plenitude de Deus, que ele tem espírito e vida para comunicar aos seus membros, e que não há nenhuma falta que ele não possa suprir, e nenhuma corrupção ou tentação que sua graça não seja suficiente para vencer.

*Traduzido e condensado por Paulo R. B. Anglada, de Richar Baxter, “Directions to Weak Christians for their Establishment, Grouth and Perseverance,” in The Practical Works of Richard Baxter; Select Treatises (Blackie and Son, 1863; reprint, Grand Rapids: Baker Book House, 1981), 645-95.